“... a nanotecnologia dá possibilidade aos cientistas de manipularem átomos de maneira a construir, por exemplo, um gene ou até mesmo um neurônio” - Marcilei Aparecida e Guazzelli da Silveira
Imagine em seu corpo um exército de robôs minúsculos para atacar células cancerígenas, destruir vírus e bactérias, inserir medicamentos em locais específicos, detectar múltiplas doenças tanto no feto como em crianças e adultos, desobstruir artérias, realizar cirurgias e obter cristais líquidos capazes de transformar célulastronco em tecidos. Não, nada de roteiro de ficção científica. A comparação com uma megaprodução cinematográfica faz sentido, mas o assunto é real e palpável.
Segundo a professora e pesquisadora da Universidade Metodista de São Paulo, Marcilei Aparecida Guazzelli da Silveira, a nanotecnologia ainda se encontra em fase de desenvolvimento e promete trazer grandes avanços tecnológicos às mais diversas áreas.
Consiste na habilidade de manipular a matéria na escala atômica para criar estruturas com uma organização molecular diferenciada. Um bilionésimo de metro chama-se nanômetro, da mesma forma que um milésimo de metro chama-se milímetro. Nano é um prefixo que vem do grego e significa “anão”. Imagine uma praia de 500 quilômetros. As dimensões de um grão de areia estão para o comprimento dessa praia como o nanômetro está para o metro.
A nanomedicina — como é chamada — é uma aposta da ciência para os diagnósticos e tratamentos de doenças dentro de 5 a 20 anos.
É algo muito difícil de idealizar. Mesmo cientistas que trabalham com átomos precisam de imaginação e muita prática para se familiarizar com quantidades tão microscópicas. Ainda de acordo com Marcilei, os nanorrobôs são estruturas nanométricas manipuláveis que atingem o ponto desejado no corpo humano. Podem ser menores que um glóbulo vermelho para percorrer o organismo, além de terem a capacidade de realizar cirurgias.
As áreas de física, engenharia, medicina, biologia, nutrição, entre outras, podem se beneficiar na criação de processos baseados na capacidade moderna de ver e manipular partículas. “A biotecnologia fornece as ferramentas para quebrar a barreira entre as espécies enquanto a nanotecnologia dá possibilidade aos cientistas de manipularem átomos de maneira a construir, por exemplo, um gene ou até mesmo um neurônio”, diz Marcilei, que também é pós-doutorada pelo departamento de Física Nuclear da USP.
O professor de física do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, Adalberto Fazzio, fala sobre a importância da nanotecnologia na medicina. “Existem partículas magnéticas que possuem no seu interior a substância necessária para controlar a célula por meio dos campos. Já existem até grupos fazendo esse tipo de testes em animais. Existem também os chamados ‘nano tubo de carbono’, que são duros como o diamante, porém, flexíveis. São utilizados para restauração do sistema ósseo”, explica Fazzio.
A pesquisadora da Metodista explica que para o tratamento de várias doenças virais, essa tecnologia pode encontrar alguns problemas, pois esses vírus sofrem mutações em um curto intervalo de tempo. Mas a nanotecnologia certamente poderá ser muito útil na manipulação de células danificadas no cérebro.
Por ser algo amplo, abrangente e inovador, significa também que invadirá o campo da bioética e irá gerar discussões. Ainda não existe no mundo qualquer regulamentação de uso e risco dessa ferramenta.
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